quinta-feira, 21 novembro 2024

Posições Políticas

Á população de Leiria e aos trabalhadores cerâmicos e vidreiros

pcp2peqÉ preciso salvar a indústria tradicional do distrito!

O PCP alerta a opinião pública, os trabalhadores, as populações para aceleração do processo liquidacionista da industria tradicional e centenária no distrito.

O PCP apela a todas as forças verdadeiramente interessadas na defesa, desenvolvimento e modernização da indústria em geral e em particular da cerâmica e da cristalaria para que hajam rapidamente para impedir a destruição destes sectores em resultado de uma desastrosa política económica e industrial, exigindo do governo medidas concretas capazes de salvarem e relançarem a sua actividade, salvaguardando os postos de trabalho.

Sendo certo que apesar de muitos patrões insistirem nos baixos salários, no trabalho suplementar não remunerado e na retirada de direitos, a industria cerâmica atravessa uma conjuntura particularmente complexa que assume aspectos de grande preocupação no subsector do barro branco, com particular incidência na cerâmica utilitária e decorativa, pelo elevado custo das matérias primas e energéticas, a que se aditam dificuldades crescentes na exportações facto a que não é alheia a concorrência dos países do alargamento e de países terceiros, a desvalorização do dólar e as taxas de juro, mas também retracção do mercado interno.


A ausência de qualquer intervenção urgente por parte do Estado e designadamente do governo, conduzirá a que a curto prazo empresas centenárias como a Bordalo Pinheiro nas Caldas da Rainha, Raul da Bernarda em Alcobaça, a que se juntam muitas outras empresas cerâmicas, possam encerrar ou ficar com produções residuais desaparecendo assim um valioso património artístico de projecção internacional e muitas centenas de postos de trabalho.

Também o sector da cristalaria, industria também ela tradicional e centenária com forte expressão na Marinha Grande, vivendo uma situação de profunda gravidade há já muitos anos, conhece de novo uma clara tendência para a sua liquidação.

O processo de reestruturação deste importante sector, conduzido à margem das organizações dos trabalhadores falhou, por várias razões, mas em boa medida porque não avaliou devidamente a dimensão real do mercado nem as necessidades, técnicas, tecnológicas, organizativas e designadamente por ter ficado demasiado dependente do factor marketing da industria e das empresas em concreto.

Contudo tal como no sector cerâmico os principais factores que promovem a desvantagem comparativa encontra-se nos elevados custos da factura energética e nas altas taxas de juro e a suicida revalorização do euro.

O encerramento recente do forno da TOSEL e agora da Canividro, constitui um sério golpe não só para as estas empresas e seus trabalhadores, como para o conjunto da indústria da cristalaria hoje fortemente assente em pequenas unidades.

Na industria da cristalaria impõem-se também medidas de carácter extraordinário por parte do governo, capazes de no plano imediato suster mais esta vaga de encerramentos que pronunciam o fim desta centenária actividade industrial (ficando assim o país mais pobre) e permitam o seu relançamento.

O PCP considera urgente que o governo:

Desenvolva no imediato uma política de redução dos custos energéticos á indústria, promovendo ou apoiando em simultâneo a criação de condições paritárias com os nossos parceiros europeus, particularmente nos domínios da energia e dos combustíveis.

Promova uma política a partir do banco público como é o caso da CGD, de redução das taxas de juro às actividades industriais, designadamente àquelas que estando em “crise” tem de recorrer à banca para fazer face a grande disparidade dos tempos de pagamento por parte dos compradores;

Apoie e promova projectos de cooperação empresarial, nos domínios técnico, da inovação e da promoção comercial;   

Promova uma política de defesa e valorização da indústria, assegurando uma discriminação positiva das micro, pequenas e médias empresas na distribuição de fundos nacionais e comunitários, exercendo o respectivo controlo na sua aplicação;

Promova uma política de valorização do trabalho e dos trabalhadores, aproveitando a experiência, conhecimento e arte adquirida ao longo de muitos gerações de trabalhadores vidreiros e cerâmicos, que têm prestigiado o país no plano internacional.


Renovando o apelo a acção e intervenção de todos os defensores do desenvolvimento sustentado no distrito, o PCP - partido da classe operária e de todos trabalhadores -  apela em particular à luta dos trabalhadores em defesa das empresas e dos seus postos de trabalho e exige do governo medidas urgentes.


7 de Abril de 2008


O Executivo da Direcção da Organização Regional de Leiria do PCP

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