" É tempo de lutar, é tempo de mudar! " - Mais força ao PCP
No quadro da Campanha “É tempo de lutar, é tempo de mudar! – Mais força ao PCP” a Direcção Regional de Leiria do PCP promoveu durante o dia 9 Outubro um roteiro em defesa do aparelho produtivo regional e do emprego com direitos.
Durante todo o dia uma delegação de dirigentes regionais do partido acompanhada por vários órgãos de comunicação social, percorreu várias empresas emblemáticas já encerradas, contactou com ex trabalhadores da Plásticos Lena, Marividros, Pescagest entre outras, que são a expressão viva da luta em defesa das empresa e dos postos de trabalho, denunciando assim o resultado da política de direita promovida pelos sucessivos governos.
Neste périplo foi possível constatar o deserto que hoje marca por exemplo a zona industrial das Caldas da Rainha. Em lugar do ambiente marcado pela azáfama do trabalho produtivo, hoje a zona mais parece uma “cidade” fantasma com dezenas de empresas encerradas e ao abandono.
Neste roteiro a Direcção Regional de Leiria do PCP, apresentou também um largo conjunto de propostas com vista à defesa e dinamização do aparelho produtivo regional.
Conferência de Imprensa
A defesa do aparelho produtivo regional
O PCP acusa o PS, o PSD e o CDS-PP
A política de direita levou à destruição de centenas de
empresas e postos de trabalho no distrito de Leiria.
A crescente financeirização da economia portuguesa e a política de subordinação da economia nacional às necessidades de acumulação acelerada de riqueza do grande capital económico e financeiro está a conduzir à ruína os sectores produtivos regionais.
O abandono, a falta de apoio e estímulo por parte do poder central a dezenas de pequenas e médias empresas designadamente à modernização das empresas e sectores, às exportações, os altos preços da energia e dos combustíveis, ausência de uma política de dinamização industrial, agrícola e das pescas, agravados pelas políticas comuns europeias, a asfixia financeira por via das altas taxas de juro, a perda de competitividade em resultado da excessiva revalorização do euro, em que se juntou em numerosos casos a má gestão e a gestão fraudulenta, foram as causas principais do desaparecimento de centenas de empresas e da destruição de milhares de postos de trabalho no distrito.
Na agricultura milhares de pequenas unidades produtivas desapareceram, nas pescas o abate de barcos transformou-se na linha principal dos governos no sector, contribuindo assim para o aumento da dependência alimentar do país. Na indústria todos os sectores foram atingidos com destaque particular para os sectores cerâmico, vidro, mobiliário, têxtil e confecções, mas também da metalurgia e do sector alimentar.
Grandes empresas de referência como, por exemplo, a Fábrica Stephens, a Pereira Roldão, a Ivima, a Proalimentar, a Carvalho & Catarro, Baptista Russo, a Platex, Texteis da Fervença, a Vitória, entre muitas outras, foram paulatinamente encerrando as suas portas, apesar da luta dos trabalhadores em defesa das empresas e dos seus postos de trabalho.
Só nos últimos cinco anos encerraram cerca de 300 empresas, das quais destacamos: a Secla, a Eurovela, a Damâso, a Pescagest, os Pereiras, a Louçarte, ambas do Valado dos Frades. A Pastoret, La Faubourg, A. Santos, a Fábrica de Malhas das Caldas da Rainha. Os Móveis Pedrosa, Marividros, Vitroibérica, Canividro, Mortensen, e a LEPE no concelho da Marinha Grande. Plásticos Lena, Jorge Afonso, Socar e a Cristul em Leiria. A Interser em Ansião. A Raul da Bernarda em Alcobaça.
Outras como a Bordalo Pinheiro empresa cerâmica de referência internacional, a FAPOR, a Val Sol Cerâmicas e a NOCAL, assim como as fábricas têxteis Finistex, Fiar, Pivot e Fareleiros, que empregam no seu conjunto cerca de mil trabalhadores, continuam a viver situações que fazem perigar a sua continuação.
Com a crise capitalista internacional, em preocupante evolução que está a contaminar toda economia, outras indústrias como a dos moldes fortemente dependente das exportações e do sector automóvel, pode vir a sofrer nefastas consequências provocando mais um acentuado retrocesso no tecido produtivo e nos postos de trabalho da região
Em resultado desta desastrosa política só nos últimos três anos desapareceram milhares de postos de trabalho, sendo que o número de trabalhadores desempregados situa-se em cerca de 25 mil segundo a União dos Sindicatos de Leiria.
O escasso emprego criado, assente em baixos salários e na precariedade, (fenómeno aliás que tende a aumentar exponencialmente) não compensou os milhares de postos de trabalho destruídos.
A incerteza e a angústia instalou-se em milhares de famílias trabalhadoras, a fome atinge centenas de pessoas e pobreza alastra no distrito e dezenas de micro e pequenos empresários são lançados na ruína.
Nós temos afirmado que esta situação não é uma fatalidade.
Há outro caminho, é preciso e urgente, uma nova política que rompa em definitivo com a política de direita.
São possíveis políticas que promovam a defesa e afirmação do aparelho produtivo regional – agricultura, pescas e industria – se assumido como motor do crescimento económico e do emprego da região, com medidas que aproveitem as potencialidades e o vasto saber regional nos mais diversos sectores.
É possível defender a indústria tradicional da região, através de programas específicos de apoio à valorização e desenvolvimento da produção e de novos produtos e com incentivos à modernização e valorização tecnológica e à inovação.
O que exige canalizar prioritariamente e preferencialmente os apoios do QREN para as pequenas e médias empresas, rompendo com as suas actuais orientações e opções, pensadas para continuar a favorecer os grandes grupos económicos com os seus critérios no apoio “à dimensão”, “à concentração” e “à sustentabilidade financeira”.
É necessário o desenvolvimento por parte do Estado de medidas que visem o aumento da produtividade e da competitividade designadamente através do investimento na qualificação dos recursos humanos e dos factores de produção aos preços da concorrência, nomeadamente na aplicação urgente de uma política de redução dos custos energéticos à indústria.
É indispensável a criação de condições paritárias com os nossos concorrentes à agricultura, às pescas e à indústria nos domínios dos combustíveis, das comunicações, transportes, seguros e custo do crédito.
Na agricultura é fundamental entre outros aspectos que: o Estado assuma que a floresta é um sector de grande importância no desenvolvimento regional, nesse quadro é necessário combater o sentido da privatização da gestão das matas públicas, designadamente o Pinhal de Leira; promover a redução das contribuições mensais dos agricultores para a Segurança Social, por escalões, em função dos rendimentos das explorações agrícolas; a promoção de maiores ajudas e por mais tempo aos jovens agricultores e uma mudança na política de apoios com medidas de modelação e plafonamento, canalizando mais ajudas para as pequenas e médias explorações familiares
Nas pescas é urgente: um apoio efectivo à renovação da frota pesqueira; a garantia da renovação e modernização da frota do cerco, em articulação com a defesa e expansão da indústria conserveira; um apoio efectivo à pesca artesanal, como sector estratégico das pescas nacionais; o alargamento da zona de reserva exclusiva até às 24 milhas e o fomento da investigação científica dirigida às pescas.
É ainda fundamental e central, suspender as alterações ao código do trabalho; promover a criação de mais postos de trabalho, um efectivo combate à precariedade e um aumento geral dos salários reais como forma de melhorar as condições de vida dos trabalhadores, aumentar a procura interna e dinamizar a economia regional.
É tempo de lutar, é tempo de mudar! - Mais força ao PCP, são condições fundamentais para dar corpo a uma nova política que rompa em definitivo com o ciclo das políticas de direita que duram há mais de três décadas e que são a causa principal da situação que o país e os trabalhadores se encontram.
Marinha Grande, 9 de Outubro de 2008
A DORLEI do PCP