PROBLEMAS E ASPIRAÇÕES
Um refrão duma cantiga de Sérgio Godinho avisava-nos de que só se teria liberdade a sério quando houvesse a Paz, o Pão, Habitação, Saúde, Educação. Assim em maiúsculas, para ser usufruído por todos. Estes tópicos, juntamente com a Justiça e a Cultura, são imprescindíveis à Democracia.Quando se debatem as perspectivas de desenvolvimento futuro de Caldas da Rainha, há também um conjunto de temas incontornáveis, desde há décadas abordados nos programas eleitorais de todas as forças políticas: são as questões centrais da Educação, da Saúde (na dupla vertente dos problemas que se prendem, por um lado, com o Centro Hospitalar e, por outro, com o Hospital Termal e o termalismo), da Lagoa de Óbidos e da Linha do Oeste.
Na Educação, a Escola Pública tem que ser defendida, sem tibiezas, à luz da Lei de Bases e do texto constitucional, mais a mais quando a tutela do sector, de 2011 a 2015 reduziu o apoio ao ensino público em 47% ao mesmo tempo que o aumentava, em claro favorecimento, nos contratos de associação no ensino privado, em cerca de 10%.
É imperiosa a construção de um novo Hospital para a Região Oeste, servindo 300 mil habitantes, respeitando critérios fundamentais de centralidade no território e acessibilidades. Caldas possui condições privilegiadas de acolher este equipamento e não pode abdicar de, desde já, com todas as suas forças e em todas as frentes, se bater por ele bem como pela urgente ampliação das actuais instalações hospitalares. Não pode ser esquecida a reabertura após requalificação do Hospital Termal, enfatizando a discussão sobre a salvaguarda e requalificação do seu património, que não deverá ser delapidado nem desarticulado. É forçoso que os projectos para o Parque, Pavilhões e mata sejam de elevadíssima qualidade, ao serviço da comunidade e não para a satisfação mais imediata de interesses obscuros.
Sobre a Lagoa, o balanço da intervenção realizada é infelizmente negativo. Apesar das declarações infundadamente optimistas da Agência Portuguesa do Ambiente o desassoreamento não foi resolvido, os índices de poluição são elevados, a 2ª fase dos trabalhos já não arrancará durante o corrente ano e não se avançou para a classificação da Lagoa como «área protegida de âmbito regional», que estava ao alcance das Autarquias fazê-lo, continuando a não haver uma draga em trabalho permanente.
A luta pela defesa e reabilitação da linha do Oeste, alvo de desinvestimento continuado, tem que continuar, pela importância indiscutível de que se reveste para as populações e em termos económicos.
São todos estes assuntos determinantes para o estabelecimento de um padrão firme dos níveis de bem estar dos caldenses e a demora em encontrar respostas eficazes para a superação das debilidades conhecidas com que nos confrontamos, será muito provavelmente justificação plausível para o lugar nacional que Caldas da Rainha ocupa numa tabela comparativa estabelecida pelo «Jornal de Negócios», na sua edição de 19 de Abril deste ano. Os indicadores referem-se aos anos de 2014, 2015 e 1º trimestre de 2016 numa grelha que analisa o clima e a oportunidade de negócios, turismo, qualidade de vida e a média geral daí decorrente. Caldas, com excepção feita ao turismo o qual exibe uma modestíssima subida da 58ª para a 53ª posição (mesmo assim atrás de Leiria, Nazaré, Peniche e Óbidos e muito aquém das potencialidades invulgares aqui existentes), desce consistentemente em todos os parâmetros – 17ª para 38ª nos negócios, 28ª para 45ª na qualidade de vida, resultando da conjugação destes dados uma queda acentuada na média geral caindo da 26ª posição em 2014 para a 41ª em que se encontra hoje em dia. Esta situação é preocupante e reclama séria reflexão e medidas aptas a inverter tão desanimadora realidade.