quinta-feira, 21 novembro 2024

Intervenção de encerramento

João Dias Coelho, responsável pela Organização Regional de Leiria do PCP, membro do Comité Central e da sua Comissão Política.

"Temos a força da razão, somos a força alternativa, somos a força de um Abril novo que projecta a ruptura com a situação e transporta com confiança o futuro.

Por isso partimos para mais estas batalhas com a confiança, a determinação e a certeza de que é possível ter uma vida melhor."

 

Chegados ao fim deste nosso Encontro Regional da CDU permitam-me, amigos e camaradas, que em nome da Direcção do PCP saúde todos os seus activistas, que conscientes dos desafios que as batalhas políticas e eleitorais que temos pela frente colocam, manifestaram de novo total disponibilidade para as enfrentarmos com coragem e determinação. Este nosso encontro, permitiu-nos aqui no distrito de Leiria, definir as linhas centrais e comuns aos três actos eleitorais e imprimir uma nova dinâmica ao seu trabalho preparatório.  Três batalhas eleitorais que, separadas por pouco tempo, assumem no contexto em que se travam uma enorme complementaridade em que o resultado das primeiras influenciarão as dinâmicas e os resultados das outras. O debate que aqui travámos, as preocupações que aqui foram trazidas sobre a situação social e económica do distrito, de onde se releva a dedicação de dezenas de activistas sindicais comunistas e independentes na defesa dos interesses e direitos dos trabalhadores, o balanço que aqui fizemos, ainda que de forma sucinta, sobre o trabalho e a obra realizada pela CDU nas Câmaras de Peniche e Marinha Grande, bem como a acção, intervenção e iniciativa política na Assembleia da República e no Parlamento Europeu em defesa dos interesses nacionais, dos trabalhadores, agricultores e pescadores, dos micro, pequenos e médios empresários, do aparelho produtivo e dos postos de trabalho, do património ambiental, paisagístico e histórico do distrito, que é sem dúvida nenhuma incomparavelmente maior que as outras forças políticas, dá-nos força e alento para prosseguirmos a nossa luta. Apesar da pesada herança que o PS nos deixou em Peniche e na Marinha Grande, estivemos no terreno, não esperámos pelas eleições, fizemos obra, melhorámos a qualidade de vida das populações. Interviemos a partir dos meios que temos nas autarquias (sem substituir o governo e sem iludir as suas responsabilidades na actual situação) no sentido de apoiar com medidas concretas os micro e pequenos empresários e as famílias em grande dificuldade. Com trabalho, honestidade e competência vencemos dificuldades, lançámos as pontes para o futuro de melhor qualidade de vida e mais desenvolvimento em Peniche e na Marinha Grande. Estivemos em todos os momentos com a luta dos trabalhadores da Bordalo Pinheiro, da Louçarte, da Dâmaso, da Fapor, da Vitroíbérica, da Beta-blue (ex-Sonuma), da Somema, da Sardinal, da ESIP, da Secla e de tantas outras, em defesa dos postos de trabalho, pelo pagamento dos subsídios e salários em atraso, contra a precariedade, pela manutenção das unidades produtivas do distrito designadamente das suas indústrias tradicionais. Estivemos e estamos com a luta dos professores, dos enfermeiros e dos trabalhadores da função pública e da administração local, em defesa da sua dignidade como trabalhadores e cidadãos. Estivemos e estamos com os pescadores da Nazaré e de Peniche e com os agricultores na defesa das suas reivindicações. Estivemos e estamos com os micro e pequenos empresários que, atingidos pela política de concentração e centralização capitalista, vêem encerrar os seus estabelecimentos e muitos deles são lançados na miséria. Estivemos e estamos com o povo de Peniche na luta em defesa da urgência do hospital e pelo aumento das suas valências, com o povo da Marinha Grande na luta em defesa do SAP 24 horas, lutas que encontraram nos deputados do PCP e dos Verdes na Assembleia da República e nos eleitos autárquicos da CDU o apoio e acção relevante na defesa dos interesses da população das suas terras. Estivemos e estamos com a luta dos reformados e pensionistas, dos jovens e das mulheres. Apresentámos propostas e soluções estruturantes para a dinamização do aparelho produtivo regional. É esta capacidade de propor, fazer e construir, de lutar e resistir sempre com os trabalhadores e as populações, abrindo caminho para um distrito e um país melhor, que faz de nós uma força diferente. A força que, assumindo os valores e o projecto de Abril, os defende e projecta na sua luta diária para fazer mais e melhor pela nossa terra, pelo nosso distrito, pelo país e pelo povo.   É por isso que encaramos as batalhas políticas eleitorais que temos pela frente com a serenidade e a confiança de quem confia no povo e na sua capacidade de transformação. Sabemos que vamos travar estas batalhas num quadro de grande complexidade em que, cavalgando sobre a crise, os responsáveis e protagonistas das políticas neoliberais que atravessam Portugal e o mundo procuram manter os níveis de exploração introduzindo medidas que não só não resolvem os problemas, como os agravam em cada dia que passa. Vivemos um quadro em que o resultado de 30 anos de política de direita levou o país a uma crise interna de grande profundidade à qual se acrescenta agora a crise internacional do sistema capitalista.  Uma crise sistémica cujas consequências, estando longe de se saber a sua dimensão, faz-se já sentir em grande escala com as falências (algumas das quais fraudulentas), as insolvências, o lay off (aplicado nalguns casos apenas com o objectivo de sacar o dinheiro de todos nós ao Estado), o aumento do desemprego como é exemplo o distrito de Leiria onde, em cada dia que passa, há mais 40 desempregados e salários em atraso, alargando a angústia e o desespero a cada vez mais famílias. Sabemos, por isso, que vamos travar estas batalhas num quadro em que os que menos têm e menos podem, em contraposição com a manutenção da enorme acumulação de lucros por uns poucos, vêem agravadas cada vez mais as suas condições de vida e de trabalho, vêem ruir muitas vezes as expectativas de uma vida inteira e que isso os pode levar à resignação, ao descrédito e ao conformismo. Mas é preciso dizer a essas pessoas concretas, que se vêem sem emprego e sem dinheiro para sustentar os seus filhos, para pagar os seus compromissos ao final do mês, que os partidos não são todos iguais, que a causa dos seus males, a causa da situação em que se encontra o distrito e o país, reside na política de direita que de forma alternada têm vindo a ser desenvolvida pelo PS, o PSD e o CDS-PP. É preciso dizer que há responsáveis e que eles não podem ficar incólumes. É preciso dizer, porque agora os mesmos de sempre, que se revezaram no poder ao longo dos últimos 30 anos, como o PS e o PSD, agem e actuam como se não fossem os culpados do estado a que o país chegou. É preciso lembrar que antes da crise capitalista externa, já Portugal vivia uma crise capitalista interna com cortes nos salários, degradação dos serviços públicos, desemprego e falências. É preciso lembrar porque, agora com artes de magia de quem quer sacudir a água do capote, utilizando a comunicação social dominada e dominante, querem limpar com uma esponja o quadro negro das suas malfeitorias e criar a ideia na sociedade portuguesa que todos temos o dever de contribuir para a resolução deste grave problema nacional que, vindo de fora, nos atinge a todos de igual modo, escondendo assim mais uma vez que enquanto os senhores do capital continuam a acumular enormes fortunas, os trabalhadores e o povo vivem cada vez pior. Não é pois aceitável que, em nome dos interesses nacionais, se peçam mais sacrifícios aos trabalhadores e ao povo e que se aceite a impunidade e arbitrariedade com que alguns patrões agem, encerrando empresas, levando máquinas, despedindo, utilizando o lay off como um instrumento para fazer baixar os custos da mão de obra paga por si ou não pagando simplesmente os salários em nome da salvação da empresa e da manutenção dos postos de trabalho.   A culpa não pode morrer solteira e os responsáveis pela situação não podem sacudir a água do capote. É hora de dizer basta! É hora de dizer que a par da luta de massas, temos agora mais uma oportunidade de demonstrar que não sucumbimos à resignação e ao conformismo, que temos de levar o descontentamento e a luta até ao voto, porque o voto que conquistámos com Abril há 35 anos, deve ser usado para derrotar a política de direita e contribuir para a mudança de política que se impõe e Portugal precisa. A essas pessoas, a todas as pessoas, operários, trabalhadores, intelectuais, pescadores, agricultores, a todos os homens, mulheres e jovens sérios do nosso distrito, é preciso que a CDU, os seus muitos activistas levem uma palavra de confiança, é preciso dizer que sim é possível uma vida melhor e que com a luta de todos e o voto dos que sofrem com esta política, sim é possível mudar o rumo do país. A manifestação do passado dia 13 de Março que encheu e fez transbordar as ruas de Lisboa de esperança, confiança e determinação com mais de 200 mil pessoas, é a expressão concreta dessa vontade e dessa força, de querermos uma ruptura com a política de direita, de querermos Abril de novo. Camaradas e amigos A verdade vem-se impondo, demonstrando que o que é preciso são medidas para um crescimento económico vigoroso, sustentado e equilibrado do País, para o desenvolvimento e a modernização das actividades produtivas, que o que é preciso são mais e melhores salários e pensões para que se dinamize a procura interna e, por via disso, se dinamize a economia e se criem mais postos de trabalho com direitos, que o que é preciso é mudar de política.  O que é preciso é uma outra política, uma política de esquerda como defende a CDU. Nestes combates que estamos a travar, sabemos que não vamos ter uma batalha fácil, todas as forças vão convergir contra a CDU, todos os poderosos meios que o poder económico dispõe serão postos ainda com mais força ao serviço do rotativismo político e dos que ladram mas não mordem, como aliás está já latente, mas está nas nossas mãos levar de viva voz desde já a CDU a todos os locais numa campanha viva, forte e ampla, esclarecendo, divulgando a obra, o trabalho e as realizações, a nossa acção na Assembleia da República e no Parlamento Europeu, as nossas propostas para um distrito e um país mais justo e desenvolvido, onde seja bom viver e trabalhar. Tal como é afirmado no manifesto do nosso encontro, “somos construtores do futuro, temos a força das nossas convicções justas, da obra realizada, do empenho, do saber e da generosidade de todos quantos não se acomodam e se inquietam”. Temos a força da razão, somos a força alternativa, somos a força de um Abril novo que projecta a ruptura com a situação e transporta com confiança o futuro.Por isso partimos para mais estas batalhas com a confiança, a determinação e a certeza de que é possível ter uma vida melhor.  Partimos com a convicção, não só da necessidade, mas da possibilidade real de concretizar os objectivos eleitorais aqui definidos.  Mais votos e mais eleitos, mais CDU nas autarquias, na Assembleia da República e no Parlamento Europeu. Mais votos e mais eleitos, para termos mais forçam para concretizarmos o nosso projecto de mais justiça social. É preciso agora, numa concepção de trabalho integrado, como foi aqui salientado, congregar todos os esforços e energias, planificar nos concelhos, nas freguesias, nas empresas e locais de trabalho as pré campanhas e campanhas e partirmos para o terreno de forma a dinamizarmos e alargarmos os apoios e activistas da CDU. O Encontro Regional colocou-nos o desafio da criação de um forte e amplo movimento de recolha de apoios à CDU. É preciso ir ao contacto com muita gente para a constituição das listas e de comissões de apoio à CDU nas freguesias e nos locais de trabalho É preciso intervir para que a campanha nacional de fundos se salde por um grande êxito É preciso dizer aos trabalhadores e ao povo que o voto na CDU é já para o Parlamento Europeu no próximo dia 7 Junho e que este voto: É o voto dos que não abdicam da defesa dos interesses nacionais nem se submetem a ser governados a partir de Bruxelas e das suas imposições. É dar mais força aos que, como a CDU, se batem no Parlamento Europeu para erguer a sua voz e o seu voto contra as decisões que prejudicam o país, retiram direitos aos trabalhadores, liberalizam os serviços públicos e favorecem o grande capital europeu e transnacional. É o voto que afirma a soberania e a independência nacionais como parte integrante de um projecto de desenvolvimento do país, que não prescinde da defesa dos interesses do país, da sua produção, dos trabalhadores e do povo.  É o voto dos que não aceitam um país subalterno face às grandes potências e que se recusam a aceitar como único caminho para a Europa, o caminho de uma integração capitalista atrelada aos projectos militaristas, que aumenta a dependência económica e política do país. É o voto que afirma Portugal como um país aberto à Europa e ao mundo assente em relações diversificadas de cooperação entre Estados baseada na amizade entre os povos e na contribuição para a paz. É o voto que em 7 de Junho dá continuidade à luta contra a acção do Governo, condena a política do PS e dá expressão à corrente de protesto dos que se sentem atingidos nos seus direitos e condições de vida. É o voto que se afirma como uma importante jornada de luta, com expressão nacional, que prolonga nas eleições o protesto e a exigência de uma nova política que assegure uma vida melhor aos trabalhadores e ao povo. É o voto que o PS mais teme. O voto que se projecta, conta e soma para as lutas futuras contra as injustiças e as desigualdades e pela ruptura com a política de direita.  É o voto na recusa de benefícios pessoais.    É o voto em gente séria, que honra os compromissos e respeita a palavra dada. O voto que se opôs aos aumentos milionários dos salários no Parlamento Europeu e que dá garantia de não os usar em benefício pessoal.  É o voto mais seguro e consequente para derrotar a política de direita. O voto dos que não se resignam a um país sem futuro e que confiam, que com a luta e o seu voto, é possível abrir um novo rumo e construir uma nova política. É o voto certo dos que, sem hesitação, afirmam a necessidade de uma ruptura com a política de direita e a construção de uma política alternativa de esquerda.  Como o nosso Encontro Regional da CDU concluiu, mobilizar, lutar e transformar o descontentamento e a luta, ao qual acrescentamos o prestígio pela obra realizada, em votos na CDU é um desígnio fundamental para o presente e o devir colectivos. Viva o Encontro Regional da CDU  Ao trabalho Viva a CDU

Imprimir Email