Trabalhadores

A Industria Cerâmica de Caldas da Rainha

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bordalo_pimheiro_peqA cerâmica em Caldas da Rainha abrangia 144 empresas ou seja 23,5% do sector das indústrias transformadoras do concelho (dados do INE de 1999). Era o subsector mais importante da região empregando cerca de 2000 trabalhadores.
Destacam-se empresas com um papel histórico no sector, como a Bordalo Pinheiro e outras com destacada importância quer pelo volume de mão-de-obra quer pela qualidade dos seus produtos, tais como a Secla, Le Faubourg (ex Subtil), A.Santos, Molde etc. Entretanto a indústria de cerâmica tem vindo a atravessar uma grave crise, contribuindo em muito para o aumento da já elevada taxa de desemprego, atingindo mais de 2500 trabalhadores no Concelho.
 A crise afecta quase todas ou mesmo todas as empresas:
– encerramentos e falências;
– salários e subsídios em atraso;
– rescisões de contratos de trabalho por “mutuo acordo”;
– redução da jornada de trabalho semanal para três dias, com a respectiva redução salarial.
É uma situação preocupante.
Ninguém pode responsabilizar os trabalhadores por esta situação, pois eles são as principais vítimas da má gestão dos empresários e das políticas seguidas pelos sucessivos governos do PSD/PP e PS.
Sabemos que esta situação de proporções alarmantes tem origem em vários factores dos quais destacamos:
1- O domínio das multinacionais que ditam as suas leis na União Europeia, com as suas políticas neo-liberais em que o máximo lucro é transformado em dogma;
2- As políticas de direita dos sucessivos governos de Portugal, PSD/PP e PS, que nunca se preocuparam em defender e modernizar o nosso aparelho produtivo, principalmente em sectores tão importantes para a nossa economia como são os têxteis, o vidro/cristalaria e a cerâmica entre outros;
3- A nossa adesão ao Euro e a cegueira do cumprimento do deficit, com o aumento constante dos impostos, criando cada vez maiores desigualdades em termos competitivos para as nossas indústrias de exportação como é o caso particular da cerâmica;
4- A fraca aposta na formação profissional e uma política de baixos salários, de trabalho precário e sem direitos que afecta fortemente a qualidade dos nossos produtos.
É necessário e urgente mudar de política, é preciso apoiar e apostar na nossa indústria, dar estabilidade no emprego e melhores salários aos trabalhadores.
É preciso acabar com as desigualdades, cada vez maiores, em que os nossos gestores são dos mais bem pagos da Europa e os trabalhadores os que têm dos mais baixos salários.
Assim não vamos lá nem motivamos ninguém. Como se pode aumentar a produtividade com tão baixos salários e mesmo assim sem quaisquer garantias de os receber?
A Comissão Concelhia do PCP de Caldas da Rainha preocupada com o anúncio de encerramento pela Administração da SECLA deslocou-se à empresa no dia 18 de Junho. Onde contactou com os trabalhadores no sentido de os alertar para as possíveis manobras da empresa e para a necessidade de defenderem os seus postos de trabalho e os seus direitos. A Comissão Concelhia está também a preparar mais uma intervenção na Assembleia Municipal para o dia 1 de Julho com a participação de trabalhadores da empresa.

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